Começa o julgamento dos líderes da Igreja Maranata
26/08/2014 – 21h29 – Atualizado em 26/08/2014 – 23h18
Autor: Vilmara Fernandes | vfernandes@redegazeta.com.br
Dezenove pessoas foram denunciadas por crimes como estelionato e formação de quadrilha
Terá início ao meio-dia desta quinta-feira (28) o julgamento de líderes da Igreja Cristã Maranata denunciados à Justiça pelo Ministério Público Estadual por crimes de estelionato, formação de quadrilha e duplicata simulada. Dezenove pessoas teriam praticado suposto desvio de dízimo doado pelos fiéis, envolvendo uma movimentação financeira da ordem de R$ 24,8 milhões. Dentre elas, está o fundador da instituição e seu presidente Gedelti Victalino Gueiros.
A ação penal pública, assinada por nove promotores integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), foi apresentada em maio do ano passado. A denúncia resulta de uma investigação divulgada por A GAZETA, com exclusividade, em fevereiro de 2011. Entre os denunciados, estão diáconos, pastores e membros da Maranata.
Os denunciados, segundo os promotores, “obtiveram vantagem indevida valendo-se de artifícios fraudulentos – ora utilizando-se de empresas já constituídas, ora mediante constituição de empresas simuladas – visando a justificar emissão de notas fiscais superfaturadas para possibilitar a saída de dinheiro do Presbitério”.
Fases
Em outra etapa, explica o advogado Fabrício Campos, que faz a defesa de Gedelti Gueiros, e do pastor Carlos Itamar Coelho Pimenta, serão ouvidas as testemunhas de defesa. “É um processo complexo, com muitos detalhes. Será uma longa audiência”, relatou.
Outros
O caso ocorreu durante as investigações que apuravam o desvio de recursos do dízimo. Entre os ameaçados, estavam uma juíza e um promotor.
As investigações foram conduzidas pelo Gaeco, com o apoio de interceptações telefônicas. Foram elas que ajudaram a revelar as negociações feitas entre líderes da igreja, incluindo os denunciados, para viabilizar as ameaças.
Segundo a denúncia das ameaças, a Igreja Maranata teria sido usada por seus líderes para auxiliar e ocultar não apenas os atos ilícitos, mas também os seus autores.
Devolução de recursos públicos
Um parecer do Ministério Público de Contas (MPC) recomenda a devolução de R$ 761 mil aos cofres públicos, proveniente da utilização irregular de recursos públicos repassados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para a Fundação Manoel dos Passos Barros, entre 2004 e 2008. As irregularidades foram constatadas a partir de auditoria especial realizada na fundação.
Entenda o Caso
Desvio de dízimo
Em 2011, o Ministério Público Estadual começou a investigar um suposto esquema de desvio de recursos do dízimo doado pelos fiéis da Maranata. A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público (MPF) Federal investigam se parte do dinheiro desviado teria sido usado para importar, ilegalmente, equipamentos para transmissão de cultos.
Rombo
A estimativa é de que chegue a R$ 24 milhões.
Operações
No fim de 2012, o MPES e a PF fizeram busca, apreensão e sequestro de bens da igreja e de pastores.
Prisões
Em março de 2013, quatro pastores foram presos acusados de coagir testemunhas, um promotor e uma juíza, para mudarem os depoimentos sobre fraudes.
Denúncia
Em maio de 2013 a Justiça aceitou a denúncia dos promotores contra 19 líderes da Maranata pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha, apropriação indébita e duplicata simulada (nota fria). Dez foram presos.
Mais
No final de junho, outros cinco líderes da Maranata foram denunciados em uma nova ação, desta vez por coação a testemunhas.